Rio -  Milícia formada por PMs de batalhão da Baixada Fluminense é suspeita de comandar uma das principais quadrilhas de venda de bilhetes da integração metrô-trem desviados. O grupo, que seria liderado por oficial da PM, controla a maioria dos pontos de comercialização do tíquete. A gangue também é apontada como responsável pelas ameaças feitas a funcionários e até executivos das concessionárias MetrôRio e SuperVia.

Ontem, após O DIA denunciar a disputa por mercado negro que movimenta mais de R$ 1,44 milhão por mês e frauda 40 mil dos 70 mil bilhetes de integração vendidos por dia, a Polícia Civil abriu inquérito. Agentes da Delegacia de Defesa do Consumidor terão apoio de unidades distritais para prender o bando.
Assustado, funcionário do alto escalão de uma das concessionárias revela detalhes das ameaças feitas pela quadrilha. Algumas são direcionadas à família dos trabalhadores. “Eles mandam recados dizendo que se acabarmos com o esquema deles, que nossos filhos terão que mudar de escola, que nos caçarão por toda a parte”, conta.
Preocupada, a SuperVia reforçou a segurança nas estações. Policiais à paisana têm circulado em meio aos passageiros, atentos a qualquer movimentação suspeita que possa oferecer risco a funcionários, usuários ou empresa. Recentemente, acordo assinado entre a concessionária e a Secretaria de Segurança Pública permite esse serviço.

A SuperVia informou que encaminhou ofício à Secretaria Estadual de Transportes comunicando o fato e pedindo providências. O secretário Júlio Lopes, no entanto, não quis falar sobre o problema. Em nota, a Metrô Rio também disse que comenta o assunto.
Esquema rende lucro de R$ 1,44 milhão por mês
A rentabilidade do mercado negro de bilhetes da integração metrô-trem está alimentando uma guerra entre quadrilhas. Conforme O DIA mostrou ontem, a disputa pelo controle dos pontos de venda dos tíquetes nas estações já provocou até mortes.
Vendido por R$ 4,20 nas bilheterias da SuperVia e do metrô, o benefício que dá direito a embarque nos dois modais está sendo fraudado por cambistas que agem a serviço das quadrilhas.
De posse dos dois cartões — necessários para garantir embarque nos dois sistemas — eles os revendem separadamente por R$ 2,90 (trem) e R$ 3,10 (metrô), valor integral das passagens. O lucro obtido é de R$ 1,80 por venda, já que a soma dos dois valores dá R$ 6.
Estimativas das concessionárias mostram que o negócio rende R$ 1,44 milhão por mês. Tanto prejuízo levou ao fim do benefício que será substituído pelo Bilhete Único. Com isso, o preço da viagem completa passará de R$ 4,20 para R$ 4,95 a partir de segunda-feira.